segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

2016 na corda bamba

Olá! Espero que tenham tido um bom Natal.

Com o aproximar do novo ano vemo-nos "obrigados" a fazer planos. Isto porque pensar no ano velho leva-nos a reflectir sobre o que devíamos ter feito e não fizemos e sobre as coisas que não correram tão bem como gostaríamos.

Eu não sei porquê mas, ao recordar o ano que está prestes a acabar, somos bombardeados por uma série de pensamentos negativos como se o mesmo tivesse sido um fardo.

No entanto,  agimos como se tivéssemos uma varinha mágica que, à meia-noite do dia 31, tornasse todos os dias do novo ano em dias cor-de-rosa.

2016 será o ano de todas as mudanças: deixaremos de fumar,  de comer muitos doces, faremos mais exercício físico, etc.

Será?!? Conseguimos concretizar os planos que fizemos para 2015? Ou será que, em vez de comermos as doze passas ao bater da meia-noite,  só conseguimos engolir onze e o feitiço foi quebrado? E quem não gosta de uvas passas? Será que entrámos em 2015 com o pé esquerdo em vez do direito?

O novo ano começa cheio de esperança. Em festas ou na quietude do lar não há quem não o veja como uma mudança.

Na minha opinião,  o ano novo não é mais do que a continuação do anterior. É claro que tudo farei para que seja um ano bom para mim, para as pessoas que me rodeiam e para aquelas que, anonimamente,  ajudo.

Um 2016  cheiinho de coisas boas e sejam solidários!

Deixo - vos com um excerto de um poema de Luís Vaz de Camões.

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
(...)"







segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Um conto de Natal

Olá a todos! O meu blogue tinha "encerrado para férias",  mas a vontade de escrever "rodou a maçaneta da porta".

O meu último artigo "O Natal do outro lado do espelho" foi lido por 143 pessoas. Agradeço a todos os familiares e amigos que, com a sua leitura, opinião e partilha, contribuiram para a evolução, divulgação e crescimento do blogue.

"A casa amarela sobressaía na paisagem de nuvens brancas que pintavam a calçada e árvores salpicadas de flocos de neve.

A noite galgava os montes e vales e deixava a descoberto as luzinhas que, sorrateiramente, espreitavam pelas janelas de portadas verdes abertas de par- em - par para deixar entrar o Natal.

O perfume da farta doçaria espalhava - se pelas salas e corredores. Era um gosto ver aquela sopa dourada e dava vontade de, disfarçadamente, mergulhar o dedo, lambê-la e alisar a superfície. Os mexidos, o pudim de Abade de Priscos e os sonhos diziam "comam-me" em silêncio.

A lareira acesa polvilhava a casa com conforto e luz.

Há muito tempo que a mesa estava toda aperaltada com uma toalha de linho branca bordada com azevinhos.

As pessoas começavam a chegar e a ocupar as elegantes cadeiras de pescoço comprido e lustroso.

As crianças esperavam ansiosamente a vinda do Pai Natal, enfiadas em bonitos vestidos e calções.

No gira - discos rodava um LP de música de Natal, que a dona da casa trouxera de Londres.

As empregadas, de batas pretas e aventais branquinhos, depressa encheram a mesa de travessas onde o bacalhau,  as couves, as cenouras, as batatas e os ovos cozidos abundavam.

- Podem começar a comer,  disse a avó,  colocando o guardanapo no colo.

Agora a música já tinha sido abafada pelas vozes.

As crianças limparam os pratos rápidamente e sem reclamar;  tudo pelas prendas que um senhor muito,  muito velhinho,  mas ainda muito forte,  mais tarde traria.

Depois do jantar,  jogaram ao loto e os meninos e as meninas cantaram canções que tinham ensaiado com afinco.

- Agora, interrompeu a avó,  vão todos comigo à cozinha.

A mesa estava repleta!

- Mas, avó,  nós já jantámos!, exclamou o Manuel.

- Sim, disse a avó, e continuou: - Peguem nas travessas e vamos à salinha.

A salinha, outrora albergava um piano, uma mesa de xadrez,  um banquinho e um sofá.

Quando a porta se abriu depararam - se com uma mesa toda janota,  à volta da qual estavam sentadas umas vinte pessoas.

- Boa noite a todos!, disse, alegremente,  a avó.

As pessoas de unhas negras, cabelos desalinhados e roupas coçadas retribuiram o "boa noite" com o olhar pousado na comida.

- A partir de hoje e sempre neste dia
teremos estes amigos a jantar cá em casa, explicou a avó. - Bom apetite e um feliz Natal!

A aldeia cobrira-se,  entretanto,  de uma espessa camada de neve. O sino da igreja cortava o silêncio da noite anunciando a missa do galo. O Natal tinha finalmente chegado."

Um Natal muitoooooo feliz para todos!













sábado, 5 de dezembro de 2015

O Natal do outro lado do espelho

O Natal, é uma época festiva que me deprime, contrariamente à maior parte das pessoas.

Para mim o verdadeiro Natal era a época das prendas colocadas no sapatinho,  em que a excitação era tanta que eu e a minha irmã acordavamos às seis da manhã e desciamos as escadas a correr para vermos o que o Pai Natal nos tinha trazido.

Nesses Natais, e ainda criança, eu não pensava nas pessoas que passam o Natal sós, nos sem - abrigo...

O significado do Natal mudou muito! Não é a altura em que o menino Jesus nasceu, mas um espírito demasiado consumista que põe as pessoas stressadas à procura de presentes!

Mas qual é o significado disto tudo? As pessoas gastarem o que têm e o que não têm, enquanto outras não têm o que comer?!?

Eu não sou uma pessoa pessimista; sou realista.  A minha realidade é positiva, mas os meus olhos estão bem abertos para outras realidades bem diferentes.  E ainda bem!

Às vezes, nesta altura,  as pessoas são invadidas por uma onda de solidariedade e dão brinquedos e roupas usadas aos pobres. Eu admiro,  sem dúvida,  esta atitude das pessoas mas,  acho lamentável que no resto do ano ninguém se lembre das pessoas que nada têm.

Estes comentários não fazem de mim qualquer espécie de santa!  Mas eu acho louvável o facto de ainda existirem pessoas que, várias vezes por semana, abdicam do seu tempo livre para irem dar de comer e agasalhos aos mais necessitados.

Sempre que derem roupa e brinquedos pensem se os gostariam de receber. É que dar o que já não presta para nós não é dar. As outras pessoas são pessoas como nós. A diferença está nas oportunidades que foram dadas a umas e não a outras.

Façam no vosso dia a dia algo de bom para as pessoas menos afortunadas e verão que, quando chegar o Natal, sentir-se-ão muito mais enriquecidos por dentro.

Um bom Natal para todos!

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A perda

Olá!

Hoje vou abordar um tema que é triste para todos nós: a perda de alguém que foi muito marcante na nossa vida.

Uns perderam o pai, outros a mãe (como eu), um filho, um amigo de longa data... A verdade é que quanto mais envelhecemos mais pessoas perdemos.

Mas, num momento de uma dor e um vazio enormes, o que devemos fazer para andar para a frente?

O tempo requerido para o "luto" (fase de maior sofrimento) e a maneira de vivê-lo depende muito das circunstâncias da perda,  do significado desta para a pessoa, do seu modo particular de lidar com situações de crise,  do apoio disponível no seu meio familiar e social,  das suas crenças e outros aspectos.

A recuperação de uma perda significativa leva de alguns meses a dois anos e, mesmo aí, alguns aspectos podem continuar não muito bem resolvidos.

Mas, além da tristeza,  as situações dolorosas podem fazer com que descubramos em nós mesmos forças antes desconhecidas, levar-nos a repensar as nossas vidas e os nossos valores, passando a perceber o que é realmente importante é o que é supérfluo,  e podem transformar-nos em pessoas mais ricas espiritual e emocionalmente.

Algumas sugestões que podem ajudar nesta fase difícil:

1 - Fale sobre a sua perda e a sua dor. Não esconda as suas emoções e, sobre tudo, não sofra sozinho.

2 - Enfrente o sentimento de culpa (há sempre coisas que achamos que devíamos ter feito e não fizemos).

3 - Trabalhe os sentimentos de raiva e revolta, aceitando-os. Irão desaparecer com o passar do tempo.

4 - Idealização - Há uma fase em que vemos a pessoa que partiu como perfeita. Com o tempo,  começará a vê-la como um ser humano real, com as suas qualidades e defeitos.

5 - Não se isole - Mesmo que não lhe apeteça,  procure a companhia de amigos. Você não está só e a companhia dos outros é muito benéfica.

6 - Mudança de valores - Depois de uma grande perda,  as pessoas têm a tendência a repensar os seus valores e reavaliar os seus objectivos de vida. Muitas vezes, estas mudanças são positivas.

7 - Nunca mais serei o mesmo - Este pensamento pode bem ser real, o que não significa que não possamos voltar a ser felizes. O melhor é trabalhar, superar a fase da revolta e da mágoa e decidir que se pode e deve viver o melhor possível.

8 - O primeiro ano após uma perda, geralmente não é um período adequado para tomar decisões importantes ou fazer grandes mudanças,  uma vez que uma pessoa amargurada tem a capacidade de julgamento diminuída.

9 - Reserve períodos e um local para as lembranças - Não fique o tempo todo a pensar na pessoa que partiu e a ver os seus objectos. Não os deixe espalhados. Coloque-os numa caixa ou num armário. Tente reservar um período específico do dia para pensar nessa pessoa e ver os seus pertences. Não há nada pior do que uma tristeza contínua.

10 - Prever dias e datas difíceis - Em dias como o nascimento e a morte da pessoa, no Natal, etc, não se isole. Esteja em companhia de pessoas que o/a estimem.

11 - Sentir culpa por se sentir bem - É comum as pessoas recusarem convites de amigos ou evitarem actividades agradáveis após uma grande perda. Perceba que se divertir não é deslealdade para com a pessoa que morreu. Muito pelo contrário;  essa pessoa quer, de certeza, que você esteja bem!

12 - Reajuste-se à vida e ao trabalho - Tirar uns dias para descansar é normal,  mas retome as suas actividades logo que possível. Elas são importantes para a sua recuperação.

13 - Liberte-se de expectativas irreais - Acreditar que a vida poderia ser diferente, não envolvendo sofrimentos e perdas é irreal, só traz revolta e prejudica - nos. Ninguém passa por situações que não mereça e estas contribuem para o nosso crescimento e fortalecimento.

14 - Integrando a perda - As pessoas têm que pôr de lado as perguntas relacionadas com o passado (porque é que isto aconteceu comigo/com ele/com ela?) e pensar: agora que isto aconteceu o que posso e devo fazer? / O que posso fazer para me sentir melhor?

15 - Um pesar excessivamente longo - Quando um sofrimento excessivo consome alguém por mais de um ano, geralmente o problema principal não é a perda em si, mas algum outro aspecto que é necessário conhecer. Muitas vezes isto acontece quando havia uma dependência excessiva em relação à pessoa que partiu,  quando a culpa é um componente muito forte na situação,  quando os problemas emocionais pessoais foram aumentados ou reforçados pela perda ou por outras razões significativas.

16 - Procure ajuda profissional,  se for necessário.

"Num deserto sem água,  numa noite sem lua,
Numa terra nua, por maior que seja o desespero,
Nenhuma ausência é mais profunda que a tua. "
Sophia de Mello Breyner Andresen

Fontes: Eu e psiqweb.med.br. (adaptado).

Até breve!